Irmãs
Irmãs com uma diferença de idades que não chega a 14 meses. A primeira nasceu ainda nos anos trinta e a mais nova inaugurou a década de 40, do século passado. Tinham mais dois irmãos, no entanto, a proximidade de idades entre elas unia-as mais do que em relação aos outros. Eram também só elas que tinham os olhos azuis, iguais aos do pai que falecera dois anos depois do nascimento da mais nova.
Foram educadas apenas pela mãe mas cresceram num ambiente rodeado de criadas, dos empregados que trabalhavam nas suas terras, da família paterna e materna e de quantos-forem-possível-contar primos e primas que surgem sem aviso nas terras mais pequenas, onde os laços familiares são autênticas encruzilhadas. Viveram uma infância em casa abastada, em meio campestre, numa vila arraiana situada na região apelidada de celeiro de Portugal.
Partilharam a cama, as roupas, as brincadeiras, as ídas para a escola e os segredos só delas, que agora contam ainda com o entusiasmo característico da primeira revelação. Acima de tudo tinham um jeito especial para as travessuras. Uma sugeria e a outra acompanhava ou tinham a mesma ideia, sem combinar, e íam parar ao mesmo “local do crime”.
Uma certa vez decidiram dormir toda a noite à janela, a comer pêras e pão com cacholeira, às escondidas da mãe. Sempre atentas ao que entrava na dispensa ou nalgum armário, onde se pudesse guardar iguarias para ocasiões especiais, pela calada lá iam saborear quer fossem bolos ou enchidos. Acompanhavam a mãe nas ídas às propriedades, e quando passavam na herdade de um tal primo, era certo e sabido que atacavam os morangos, sem a mãe dar conta.
Também houve desentendimentos e zangas entre elas ao longo dos anos, o que é natural entre os irmãos e os familiares. Contudo, não foram o bastante para as apartar.
Ainda hoje quando as observo juntas, e nunca caladas, não consigo dissociar a imagem construída de duas irmãs pequenas.
É um autêntico tesouro escutar as histórias sobre os tempos da infância, das gentes da sua terra, dos acontecimentos históricos e serem contadas ipsis verbis pela avó, pela mãe e pelas tias. Ter irmãos significa partilha e também ter essa verdade da mesma vivência em algum tempo da nossa vida e isso deve ser bestial (digo eu, a filha única).
Foram educadas apenas pela mãe mas cresceram num ambiente rodeado de criadas, dos empregados que trabalhavam nas suas terras, da família paterna e materna e de quantos-forem-possível-contar primos e primas que surgem sem aviso nas terras mais pequenas, onde os laços familiares são autênticas encruzilhadas. Viveram uma infância em casa abastada, em meio campestre, numa vila arraiana situada na região apelidada de celeiro de Portugal.
Partilharam a cama, as roupas, as brincadeiras, as ídas para a escola e os segredos só delas, que agora contam ainda com o entusiasmo característico da primeira revelação. Acima de tudo tinham um jeito especial para as travessuras. Uma sugeria e a outra acompanhava ou tinham a mesma ideia, sem combinar, e íam parar ao mesmo “local do crime”.
Uma certa vez decidiram dormir toda a noite à janela, a comer pêras e pão com cacholeira, às escondidas da mãe. Sempre atentas ao que entrava na dispensa ou nalgum armário, onde se pudesse guardar iguarias para ocasiões especiais, pela calada lá iam saborear quer fossem bolos ou enchidos. Acompanhavam a mãe nas ídas às propriedades, e quando passavam na herdade de um tal primo, era certo e sabido que atacavam os morangos, sem a mãe dar conta.
Também houve desentendimentos e zangas entre elas ao longo dos anos, o que é natural entre os irmãos e os familiares. Contudo, não foram o bastante para as apartar.
Ainda hoje quando as observo juntas, e nunca caladas, não consigo dissociar a imagem construída de duas irmãs pequenas.
É um autêntico tesouro escutar as histórias sobre os tempos da infância, das gentes da sua terra, dos acontecimentos históricos e serem contadas ipsis verbis pela avó, pela mãe e pelas tias. Ter irmãos significa partilha e também ter essa verdade da mesma vivência em algum tempo da nossa vida e isso deve ser bestial (digo eu, a filha única).
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